GRAVEL Zone Brasil / Dúvida - O que é melhor, uma Gravel Bike com rodas 700C ou 650B? Que tal as duas juntas?
MELHORANDO O DESEMPENHO E O CONFORTO DE SUA GRAVEL BIKE
Em se tratando de Gravel Bikes, é praticamente consenso que as rodas 700C são a melhor opção quando buscamos desempenho no Gravel competitivo, por outro lado, as rodas 650B seriam a escolha mais adequada quando pensamos em conforto numa configuração mais focada em Bikepacking.
![]() |
Foto: GRAVEL Zone Brasil |
A premissa agora era tornar a bike de testes do GRAVEL Zone Brasil mais confortável, eficiente na pedalada e ao mesmo tempo mais ágil em suas reações. Para atingir o resultado esperado, entendemos que um caminho interessante seria encontrar uma maneira de elevar um pouco o ângulo da caixa de direção e do tubo de selim, razão pela qual decidimos substituir a roda dianteira 700C original por outra 650B (27.5"), completamos o pacote de mudanças migrando de um pneu dianteiro 700x40 para outro 650x47, nesse caso o maior volume de ar iria permitir o uso de menos pressão na dianteira, um ganho de conforto nos pedais mais longos. Pensando em evitar uma eventual perda de desempenho, imaginamos que poderíamos manter a roda traseira 700C original.
Como muitos já sabem, a maioria das Gravel Bikes modernas oferece a possibilidade de usar rodas 700C ou 650B, pois ambas, quando montadas com os respectivos pneus, apresentam um diâmetro externo relativamente similar. Uma roda 650B com pneu de 47mm de largura teria o mesmo diâmetro externo da roda 700C associada a um pneu de 35mm de largura. No nosso caso em especial, o diâmetro externo do conjunto 650Bx47 (686mm) é 20mm menor que o do 700Cx40 (706mm) que ele substituiu, razão pela qual os ângulos da bike sofreram alteração.
Mas na prática o que significaria essa diferença?
O fato de montar numa Gravel Bike uma roda dianteira com diâmetro menor que da traseira, tem influência direta sobre os ângulos do tubo de direção e do tubo do selim, ambos terminam ligeiramente mais elevados (de pé), em nosso exemplo, entre 0.5 e 0.7 graus a mais, passando a 71.5° (direção) e 73.0° (selim). Essa pequena alteração por si só já deixaria a bike ligeiramente mais rápida em suas reações e colocaria o selim numa posição para pedalar com um pouco mais de rendimento, contudo essas modificações impactam também outras medidas relevantes do conjunto. A mais importante delas é conhecida como "trail", que é inversamente proporcional ao "offset" ou "rake" do garfo. Quanto maior o "offset", menor o "trail", menos "trail" resulta numa direção mais sensível, ou seja, rápida.
![]() |
Rake X Trail - Ilustração: GRAVEL Zone Brasil |
Na prática, considerando as alterações que realizamos, pelo fato de manter o mesmo garfo, o "offset" obviamente continua igual, contudo a troca da roda dianteira, por conta do seu menor diâmetro, nos leva a uma diminuição do "trail", for fim isso resultaria naquela direção mais rápida que buscávamos, como gostamos de dizer, a bike teria a de tendência de ficar um pouquinho mais arisca.
E os componentes escolhidos?
A ideia inicial seria encontrar uma roda dianteira 650B acessível e que não fosse pesada demais. Para facilitar, o eixo dianteiro na Diamondback Haanjo é o tradicional, de 5mm com blocagem rápida. Nossa escolha então recaiu sobre uma roda dianteira 27.5 da Decathlon com 28 raios e aro de parede dupla, que é vendida pelo equivalente a aproximadamente R$200, mas infelizmente não disponível para você consumidor no Brasil, que teria que apelar para marcas como VZAN ou Absolute, pensando no fator custo.
![]() |
Roda Decathlon MTB 27.5 - Foto: Decathlon |
Nossa roda da Decathlon pesou cerca de 1.100 gramas e mediu 19mm de largura interna, números bastante aceitáveis para os objetivos do projeto. Originalmente ela não pode ser considerada "tubeless ready", inclusive porque o furo da válvula tem diâmetro compatível com as válvulas Schrader, o bico grosso. Mas seguindo nossa teoria de que quase toda combinação pode ser utilizada, sempre existe um jeito na hora da conversão. Para diminuir o furo, usamos um pedaço de plástico maleável, no caso a embalagem dos remendos autocolantes da Lezyne, os remendos em si não são grande coisa, mas a embalagem foi bem útil neste projeto. Avaliamos também que o aro era profundo demais para o pneu servir justo e facilitar nossa tarefa no momento de inflar, logo decidimos passar nele duas camadas de fita Gorilla de 25mm de largura. Montamos então o pneu que serviu relativamente justo, como queríamos.
O último passo seria colocar o selante. Aqui um parênteses. Tenho visto gente usando selante "caseiro", algo que desaconselhamos totalmente. Preferimos os selantes da NoTubes, principalmente o Race, ou Orange Seal Endurance, mas além desses o mercado está cheio de outras boas opções. Se o custo é um problema, muitos são vendidos em frascos pequenos, suficientes para uma ou duas rodas. Os melhores selantes da praça tapam os eventuais furos a partir de uma reação do seus componentes com o ar, muitos levam látex (borracha) na sua composição, além do que são formulados para não agredir rodas e pneus, exatamente o contrário desses preparados caseiros, que para completar em geral levam glitter para tentar tapar os furos mecanicamente, o que em geral não funciona e ainda vai deixar sua bike "empesteada" de partículas brilhantes...
Sempre gostamos de repetir que o upgrade número um no momento que você adquire uma Gravel Bike deve ser a conversão dos pneus para tubeless, não a troca do câmbio, pedivela ou qualquer outro componente secundário. O desempenho excelente de uma Gravel Bike é diretamente influenciado pela pressão que você usa nos pneus, então se estão convertidos, podem ser calibrados com segurança com uma pressão menor que a recomendada pela fábrica, aquela está gravada nas suas laterais. Menor pressão, significa maior controle da bike e um bem vindo conforto extra para seus braços.
Tem dúvidas em relação a que pressão utilizar? A Silca oferece uma ferramenta fantástica, a SPPC ou Silca Pro Pressure Calculator (https://silca.cc/pages/sppc-form) para te ajudar a escolher a melhor calibragem considerando o seu peso mais o peso da bike, o tipo de piloto, o terreno e o tamanho dos pneus. Experimente!
Voltando à nossa experiência, o pneu escolhido para o projeto, o Vittoria Terreno Dry 650x47, não apresentou qualquer problema no momento de inflar e completar a conversão, que fizemos com uma bomba de pé tradicional. Na hora do pedal esse modelo de pneu, se mostrou uma grande e positiva surpresa. Nós, formados no Mountain Biking, há alguns anos nunca imaginaríamos usar um pneu com esse desenho. Na parte central são 5 filas de cravos baixos com um formato hexagonal e nas laterais cravos mais altos. O Terreno Dry, como era de se esperar, é rápido, tem baixa resistência à rolagem, mas surpreendentemente seguro e eficiente nas mais variadas condições, inclusive em terrenos arenosos ou até úmidos, é ótimo nas curvas e apresenta um volume de ar muito bom mesmo, sua borracha com o composto Graphene 2.0 brilha na absorção de impactos. Estamos usando 22psi de pressão com o pneu da Vittoria na montado na dianteira sem qualquer problema, mesmo andando forte.
![]() |
Vittoria Terreno Dry - Foto: Vittoria Tires |
E aí? Rolou?
Na verdade nossa teoria funcionou com maestria! A bike ficou mais "viva" sim, ganhou em agilidade na direção, a posição de pedalada melhorou e, o melhor, tudo com muito mais conforto, por conta do pneu dianteiro de maior volume e da pressão reduzida que podemos utilizar com ele. O fato de seguir com roda traseira 700C garantiu que a capacidade de manter uma média de velocidade mais alta (momento) não sofresse alteração.
![]() |
Foto: GRAVEL Zone Brasil |
É uma configuração para você montar em qualquer Gravel Bike? Definitivamente não, a ideia foi encontrar uma forma relativamente barata de incrementar o desempenho de uma boa Gravel Bike, que no caso era mais rígida e menos veloz do que preferimos.
Tem alguma experiência parecida? Divida com a gente, deixe um comentário.
Keep Gravel Riding!
Ola, posso fazer essa conversão da roda, numa sense versa? ficaria bom?
ResponderExcluirOlá, a Sense Versa é uma ótima candidata a essa conversão. Qualquer dúvida, só perguntar.
ExcluirAbs
Tenho uma Alfameq Tirreno antiga que estou aposentando. Pensei em transformá-la numa Gravel mantendo a suspensão PROSHOK E50 e as rodas 27.5. será que vai dar praia? Rss
ResponderExcluirOlá Ezequiel, se você for em qualquer fórum sobre Gravel Bikes vão te dizer que claro, vai fundo...
ExcluirA gente prefere te aconselhar se você quer de fato experimentar todas as vantagens que as Gravel Bikes oferecem, é melhor deixar de lado esse projeto e investir em um quadro específico.
Abs!